Daniel Vive: Um pequeno testemunho de vitória sobre a morte

Meu nome é Fernando Nascimento, eu tenho 39 anos, sou casado com Vanessa Moscoso e sou pai de sete filhos: Rafael (de 9 anos), Maria Fernanda (8 anos), Maria Isabela (7 anos), Daniel (4 anos), Maria Cecília (4 anos) e Maria Elena (1 ano) e Maria Clara (um mês de vida). Desde o nosso namoro, Vanessa e eu conversávamos sobre ter uma família numerosa. Em nosso casamento, recitamos o salmo 126 que diz:

“Tais como as flechas nas mãos do guerreiro, assim são os filhos gerados na juventude. Feliz o homem que assim encheu sua aljava: não será confundido quando defender a sua causa contra seus inimigos à porta da cidade.”

Dos nossos sete filhos, quatro desenvolveram o transtorno de espectro autista: Rafael, Maria Isabela, Daniel e Maria Cecília. Os meninos são autistas não verbais, com diversas dificuldades; Maria Isabela e Maria Cecília desenvolveram um grau mais moderado.

No dia 28 de dezembro de 2021, levei minha família para o que deveria ter sido dois dias de descanso numa pequena chácara. Assim que chegamos ao lugar, as crianças brincaram a manhã toda. Almoçaram e eu fui revisar os quartos das crianças. Os três mais velhos me seguiram; Daniel e Maria Cecília permaneceram na cozinha, almoçando. Minha esposa veio conversar comigo por um momento, Maria Cecília ficou na cozinha assistindo desenho e, por um momento, Daniel saiu da cozinha e foi para o quintal. Passados alguns minutos, minha esposa, sentindo a falta do Daniel, saiu pelo quintal e quando chegou na área da piscina… Avistou nosso filhinho “boiando” na piscina. Vanessa gritou-me desesperadamente. Prestei ali os primeiros socorros e, na impossibilidade de uma ambulância que chegasse até nós, tomei meu filho nos braços, coloquei-o no banco de trás do meu carro e, com meu sogro, dirigi apressadamente para o hospital mais próximo. Os médicos tentaram por uma hora, até que vieram me dar a notícia: Meu filhinho Daniel havia partido para o Senhor!

Diante do corpo do meu filho, coloquei-me de pé: Olhei para os nossos amigos ali presentes – em grande número – e, como “sacerdote da minha casa”, levantei a voz para declarar a nossa firme convicção:

“Daniel havia recebido, no início de sua vida terrena, o Santo Batismo. Ele fora sepultado na morte de Cristo e regenerado, por Sua Ressurreição, para a Vida Nova. Selado com a Nova Aliança, Daniel, que completaria 5 anos no dia 19 de janeiro de 2022, tinha o comportamento de uma criancinha de 1 ano de idade: era extremamente puro, amoroso; não falava uma única palavra… apenas balbucios, risos e choros. Daniel, depois de seu Batismo, nunca perdera as vestes novas recebidas no seu novo nascimento; sua alma era um paraíso das delícias do Divino Espírito. De fato, não havia NADA neste mundo para o Daniel… Nada que o fascinasse, ou que ele necessitasse… Ele era mais do céu do que daqui. Sua morte trágica nos causou grande dor… Estamos morrendo de saudades! Mas, não temos como não testemunhar o que estamos experimentando como família: Jesus Cristo se levantou da morte como primogênito entre muitos irmãos (cf. Rm 8, 29) e o mesmo Espírito que ressuscitou Jesus dos mortos vivificará os nossos corpos por uma comum ressurreição (cf. Rm 8, 11). Cremos que Daniel recebeu tudo aquilo que Jesus Cristo conquistou na sua cruz e ressurreição e que o veremos correndo por aquelas “ruas de ouro” da Jerusalém Celestial (cf. Ap 21, 21)! Meu filho, Daniel, associou-se àquela nuvem de testemunhas que nos circundam (cf. Hb 12, 1).”

Concluída a exposição da nossa fé, orei:

“Senhor, muito obrigado pelos quase 5 anos da vida do Daniel entre nós. Ele foi um dom precioso que nos ensinou muito. Nós sentiremos muitas saudades dele entre nós, Senhor, mas confessamos, com fé, que Daniel vive graças à Tua vitória na cruz do calvário e Tua ressurreição dentre os mortos. Senhor, como sacerdote da minha casa, digo, em nome dela: Nós te amamos. Nós confiamos em Ti. Sabemos que tu és soberano e poderoso, fiel; perfeitos são os teus caminhos… Sabemos em quem temos crido e sabemos que és fiel. O Senhor deu… O Senhor recolheu… Bendito seja o nome do Senhor!”

Agora, meus amados irmãos e irmãs, eu peço que vocês me permitam contar a vocês o modo como o Senhor vinha preparando o meu coração e o coração da minha família para este momento de extrema dor! Sim… o Senhor havia concedido a nós a Sua graça para que, quando este momento chegasse, nós pudéssemos permanecer firmes.

Que graça foi essa? Respondo sem delongas: Foi o Curso Alpha. Eu tinha ouvido falar do curso Alpha em 2007, mas foi apenas em dezembro de 2020 eu me aproximei dele e, em seguida, comecei a dirigir alguns grupos de Alpha.

Eu tive a minha primeira experiência com Jesus aos doze anos de idade! Depois de semanas ouvindo a pregação da mensagem do evangelho, eu estava cantando ao Espírito Santo num grupo de oração e desejei, do fundo do meu coração, aquilo que estava cantando… Experimentei um calor que me tomara o corpo todo! Lágrimas e soluços começaram a sair e, de repente, experimentei algo precioso: o dom das línguas estranhas. Um profundo senso da paternidade de Deus me tomou… O Espírito dizia ao meu espírito: “Você é filho!” e eu dizia, entre lágrimas e línguas estranhas: “Abba Pai”.

Depois dessa experiência, contudo, eu deixei a casa de meus pais e ingressei no Seminário de uma Congregação Religiosa. Passei a me interessar por estudos mais aprofundados da fé, bem como das artes liberais e da filosofia. Eu gostava de me debruçar nas rubricas dos manuais de doutrina, liturgia e espiritualidade e havia dedicado quase todo o meu serviço na Igreja ao discipulado de pessoas que já estavam na Igreja, formando-as com todos estes conhecimentos.

Mas havia uma inquietude no meu coração – que não era só minha, mas dos Bispos de toda a América Latina e do Caribe – e ela versava sobre o processo que “torna” alguém cristão! Na 5ª Conferência do Episcopado Latino Americano e Caribenho nossos Bispos haviam deixado em evidência a crise existente nas nossas comunidade quanto a este aspecto: A inexistência de uma adequada Iniciação Cristã que começasse pelo querigma – pelo anúncio explícito de Jesus Cristo Senhor e Salvador – e conduzisse os homens pelo catecumenato, pela “purificação e iluminação”, pela recepção dos divinos mistérios e pelo tempo de mistagogia, num processo que evidenciasse a natureza íntima da Igreja: Anúncio, Celebração e Serviço Caritativo.

Foi nesta busca por caminhos que oferecessem estes elementos que eu acabei chegando no Alpha. E a cada reunião na qual eu me sentava com pessoas que estavam apenas iniciando na fé, o meu coração começava a ser impactado pelas reflexões daqueles vídeos do Curso Alpha que nós assistíamos juntos! O efeito que eu via em mim e nos outros me levou a seguinte reflexão: É muito bom conhecer as rubricas dos manuais de dogmática, liturgia e espiritualidade, mas… eu fiz isso em detrimento do conhecimento de Cristo crucificado… eu fiz isso em detrimento do anúncio de Cristo Crucificado, Ressuscitado e Batizador!

Eu assumi, meses depois, a função de Relações Eclesiais Estratégicas no contexto Católico: passei a formar parte da equipe de Alpha no Brasil! Profundamente provocado pelo Alpha, eu passei a querer saber mais sobre a cruz e a ressurreição. Comecei a devorar livros de autores como Renè Girard, John Stott, Scott Hahn, dentre outros, sempre com o foco no anúncio “pré-catecumenal”.

Por causa dos encontros de Alpha e seus vídeos inspirados, assim como em virtude das conversas que testemunhei e das dores e alegrias que eu pude tocar na vida das pessoas, uma convicção havia se solidificado em mim: Na Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus está a Cura de todo o homem e do homem todo!

Passei a pregar especialmente sobre a Ressurreição da Carne com muita frequência! O assunto passou a ser central para mim. Foi assim que, bondosamente, o Senhor vinha preparando o meu coração para o momento mais doloroso da minha vida até agora: a morte trágica do meu filho!

Hoje arde em meu coração o desejo de espalhar grupos Alpha por cada município do meu país! Eu estou convencido de que somos portadores da mensagem mais poderosa da história e, graças a Deus, somos “portadores” na qualidade de “vigários”, porque o Único Pregador do Evangelho é o próprio Ressuscitado que, sentado no Trono, à direita do Pai, deu-nos o Seu Espírito para fazermos o que Ele mesmo estaria fazendo aqui…

Eu quero espalhar a mensagem que o Alpha porta consigo porque é a mensagem do Evangelho! Eu sei que há nela um poder para a salvação daquele que crê! Essa mensagem cura enfermos, restaura casamentos, liberta cativos, devolve esperança aos que não a têm. É para isso que eu quero viver a partir de agora!

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