O presente artigo fará uma apreciação das origens, da penetração e das consequências do “tradicionalismo” e do “progressismo” no seio das expressões nascidas da Corrente de Graça de Renovação Carismática na Igreja Católica para, em seguida, oferecer orientações que nos sirvam de edificação em tempos de confusão.
Definições: Progressistas, Tradicionalistas, Conservadores e Formas “Híbridas”
Embora estes termos já venham carregados de significado sociológico, eu quero pedir permissão aos leitores para, na medida do possível, “ressignificar” estes termos a partir de um único “ponto de observação”: O Concílio Vaticano II. Neste sentido, considerarei duas possibilidades de interpretação e acolhida do Concílio (influenciado pelo Papa Bento XVI): ruptura e continuidade.
Sob uma hermenêutica de ruptura, em relação ao Concílio, nascem duas vertentes diametralmente opostas: Progressismo e Tradicionalismo. Sob uma hermenêutica de continuidade nasce a postura de conservação (uso este termo a partir da Epístola de São Paulo aos Efésios, onde ele exorta-nos a conservar a unidade do Espírito no vínculo da paz).
Os “sufixos” empregados nos termos são, para mim, importantes. Quando o sufixo “-ismo” é empregado, na língua portuguesa, nós queremos significar que o “radical” da palavra está sendo colocado no centro absoluto da realidade descrita. Por exemplo: “Espiritualidade” – a dimensão espiritual como um dos elementos de um todo – e “Espiritualismo” – a dimensão espiritual como realidade que se sobrepõe, põe-se no centro e se singulariza, como se ela fosse “o todo”. Ora, progresso é algo querido e almejado por todos, mas o “progressismo” elimina a experiência adquirida no passado; por sua vez, tradição é algo que precisa ser querido e almejado por todos, mas o “tradicionalismo” elimina qualquer possibilidade de crescimento a partir de experiências futuras.
Entre estas duas posturas supracitadas, apresento a necessidade de guardar a tradição e, caminhando “al paso de la Iglesia”; abrir-se para o “vinho novo do Espírito”, que não cessa de ser concedido pelo Senhor à Igreja, por meio de uma atitude de quem deseja conservar a unidade do Espírito no vínculo da paz. Não utilizo, aqui, o termo “conservadorismo” para evitar que seu significado sociológico deturpe, de algum modo, a utilização eminentemente teológica e pastoral que desejo enfatizar.
Sendo assim – colocando o Concílio Vaticano II como nosso ponto de referência – nós encontraremos “progressistas” (tudo o que antecedeu o Concílio deve ser abandonado), “tradicionalistas” (tudo o que aconteceu do Concílio em diante deve ser rechaçado) e buscaremos entender como se daria a postura de quem deseja conservar a fé.
Em suma, pode-se entender assim (a atitude de conservar a fé): O Concílio Ecumênico Vaticano II é o Vigésimo Primeiro (21º) na história da Igreja; ele deve ser lido a partir dos vinte concílios que o precederam e que, com as Escrituras, estabelecerão o critério de interpretação dos textos conciliares.
Após definir, ainda que de modo superficial, estes três termos, percebemos que, ao encarná-los na vida da Igreja no “hoje” – dando “nomes aos bois” – são raros os casos de teólogos e “eclesiásticos” que se encaixam de forma “pura” nestas três “correntes de pensamento”. O que nós mais encontramos “por aí” são as “formas híbridas”.
- Progressistas pertencentes ao clero, usando “clergyman”, camisa clerical e, até, batina (sinais que naturalmente identificavam a conservadores e tradicionalistas) e falando de espiritualidade ao estilo carismático (contrariando a inicial repulsa que os progressistas alimentavam em relação à Renovação Carismática).
- Carismáticos Católicos (naturalmente conservadores) alimentando o “antiecumenismo” (posicionamento naturalmente tradicionalista), tripudiando sobre o Rito Romano Ordinário (Missal de Paulo VI) como se o mesmo fosse de “segunda categoria” em face do Rito Tridentino (posicionamento naturalmente tradicionalista) e apresentando uma oposição implacável ao Vigário de Cristo na Terra, o Papa.
- Carismáticos Católicos (naturalmente conservadores) pondo em cheque a doutrina moral da Igreja em assuntos como aborto, segunda união e homossexualidade (posicionamento naturalmente progressista) e adotando posicionamentos políticos progressistas que não são respaldados na Doutrina Social da Igreja (ora endeusando o liberalismo econômico – direitistas – ora abraçando o socialismo marxista – esquerdistas).
Estou iniciando, neste artigo, um empreendimento falido: busquei utilizar termos da sociologia ressignificando-os a partir da teologia e da experiência pastoral, para, somente então, olharmos o Corpo Místico de Cristo e seus membros. Mas… o perigo da má interpretação é eminente – e inevitável – motivo pelo qual assumo a intenção do artigo como um empreendimento “falido”. Mesmo assim, apresentarei o artigo pensando que uma minoria possa vir a tirar dele o proveito que busco oferecer e, assim, com uma perícia maior que a minha, possam, por sua vez, tornar esse empreendimento mais exitoso.
O híbrido: “Carismático-Progressista”
O Dr. Vinsan Synan, historiador pentecostal que escreveu o livro “O Século do Espírito Santo”, conta-nos, nesta obra, que, desde seu “marco inicial” – a experiência do Reverendo Dennis Bennett, da Igreja Episcopal – muitos teólogos progressistas abraçaram o “Neopentecostalismo” – que logo passou a ser chamado de “Renovação Carismática” – como um meio de “fazer frente” às estruturas vigentes nas suas Igrejas Históricas de origem. Graças ao bom Deus, muitos deles fizeram uma experiência genuína da graça e isto lhes possibilitou uma “correção de percurso”, abandonando, aos poucos, o progressismo, e fazendo-lhes mais “conservadores” (recorde sempre sob quais circunstâncias estamos utilizando este termo!). Na Igreja Católica isto também aconteceu. O Cardeal Leon Joseph Suenens – Primaz da Igreja na Bélgica e um dos quatro moderadores do Concílio Vaticano II – era conhecido por sua postura progressista. É evidente, contudo, que sua experiência genuína com o Movimento Carismático Católico, sob forte influência de homens como Ralph Martin e Steve Clark, dentre outros, propiciaram-lhe uma notável mudança no pensamento teológico e pastoral (o que é especialmente perceptível em duas obras: “Memories and Hopes” (nunca foi traduzida ao português) e “Espírito Santo Nossa Esperança”.
No Brasil, as décadas de 70 e 80 foram caracterizadas por uma cisão muito clara e visível entre a Renovação Carismática Católica e a Teologia da Libertação (encarnada nas Comunidades Eclesiais de Base – CEBs). Na década de 90, segundo o sociólogo Ronaldo José de Souza, a aposta dos Bispos do Brasil nas CEBs como “O” modelo pastoral demonstrou-se, no mínimo, enfraquecida, ao passo que o Movimento Carismático esboçava o seu apogeu de crescimento (na verdade, um “inchaço”, posto que se tratou de um fenômeno de massa).
Com o passar dos anos, o clero dos anos 70 e 80 foi dando lugar ao “novo clero”, que nasceu no auge do “fenômeno carismático”. É inegável o fato de que as vocações ao sacerdócio e à vida consagrada nascem, em sua esmagadora maioria, em ambientes conservadores e tradicionalistas. Normalmente, o jovem que ingressa num seminário ou a jovem que ingressa num convento deseja ser um sacerdote ou uma religiosa aos moldes “conservadores”; é durante o período de formação que ele entra em contato com ideologias de toda sorte e gênero e acaba se tornando um “progressista”.
O que ocorreu – sendo direto e correndo o risco consciente de ser “simplista”- é que muitas vocações, nascidas em ambientes carismáticos – nem sempre os melhores – fizeram surgir um clero “carismático-progressista” bastante numeroso.
Os graus de envolvimento com a experiência carismática deste clero variam muito! Existem aqueles que se autodeclaram “carismáticos”, que viveram “algo da experiência carismática” e que, até, manifestam carismas, mas, lastimosamente, foram “vítimas” de uma má formação e, por isso, são relativistas no campo moral, laxos quanto à Liturgia e carregam um forte acento marxista no discurso, mormente analisando tudo sob as categorias foucaultianas das “relações de poder”.
Um parêntese: Concordo com o Pe. Dr. Fintan Lewless (sacerdote Legionário de Cristo, professor no Seminário Maria Mater Ecclesiae) quando ele afirma que a Teologia da Libertação é algo totalmente compreensível diante de uma sociedade tão corrupta e desigual como a brasileira. É uma pena, contudo, que o marxismo tenha sido a base teórica dessa legítima preocupação social que redundou na Teologia da Libertação.
Voltando ao assunto: Os graus de envolvimento desse novo clero com a experiência carismática são variáveis. Há aqueles que, da Renovação, só herdaram estereotipias reproduzidas muito mais pela massa do que pelos autênticos líderes do Movimento. São os padres que, embora não sendo “carismáticos”, usam as canções, o estilo de pregar, “os cercos de Jericó”, “as missas por cura”, etc. Falam de “experiência religiosa”, “alimentam os devocionais”, mas teologicamente seguem as premissas progressistas.
Realmente, as variações são muitas. E como a nossa Igreja protagoniza o leigo muito mais no seu discurso do que na sua prática, esse novo clero influenciou a Renovação e não demorou muito para que líderes leigos “carismáticos-progressistas” começassem a aparecer e, aos poucos, começassem a gerar um relativismo moral que, fatalmente, permeia alguns círculos carismáticos. “Em nome do amor”, apoiam a prática homossexual, as “segundas uniões” e até o aborto, em alguns casos. Muitos deles riem de si mesmos quando lembram “as práticas que tinham no começa da caminhada” – embora, quando colocam a mão na consciência… Percebem que, naquela época, eram mais “apaixonados”, mais felizes… Só não podem reconhecer isso. Relativizam a moral da Igreja, eu repito, em nome de um falso senso de “misericórdia”. Sobre este tema da falsa misericórdia, o artigo “Deus aborrece o pecado mas ama os arrependidos” pode ser iluminador. Este grupo “flerta” com o espectro “esquerdista” da política atual, cujas bandeiras acima mencionadas (pró aborto, pró-LGBTQIA+, etc.) mesclam-se à legítima luta pelos direitos humanos e pela preservação socioambiental.
E existem os “carismáticos progressistas” que são o fruto de uma tentativa de “síntese” entre a Renovação Carismática e o Progressismo. São facilmente identificáveis quando, ao perceberem o crescimento da devoção popular, a veneração pelos sacerdotes, o crescente amor aos sacramentos e um novo empenho pela conservação da liturgia, chamam essas práticas legítimas de “pré-conciliares”. Alguns líderes chegam a expressar certa frustração pois esperavam que a Renovação fizesse frente ao que eles consideram ser um “monopólio dos meios de produção do sagrado”; a Renovação faria isso ao elevar o papel do leigo na Igreja.
Desde o Século XIX, com a Ação Católica, diversas iniciativas nasceram no seio da Igreja e trouxeram um novo olhar sobre a realidade do sacerdócio comum dos fieis e seu apostolado. O Concílio Vaticano II recolheu tudo isso e deu um novo impulso ao laicato, como um verdadeiro pentecostes! Contudo, na cabeça dos “carismáticos progressistas” a relação “ministros ordenados & leigos” está submetida às categorias foucaultianas, o que lhes faz esperar uma “revolução” na qual os leigos devem tomar os “meios de produção do sagrado” em pé de igualdade com os ministros ordenados. Para eles, portanto, “a reforma da reforma litúrgica”, proposta por Bento XVI, é apenas e tão somente um retrocesso “pré-conciliar”.
Teríamos muito mais a refletir sobre essa forma híbrida, que gerou carismáticos que “cheiram” como o mundo, se vestem como o mundo, ouvem o que o mundo ouve, bebem como o mundo bebe, falam o que mundo fala, assistem o que mundo assiste, mas… Ufa! “Graças a Deus” … “São de Jesus”. Mas vamos parar por aqui porque há um outro híbrido a ser analisado.
O híbrido: “Carismático – Tradicionalista”
Certa vez, um sacerdote, muito inteligente e perspicaz, contou-me a reflexão de um famoso Abade com o qual ele teve a oportunidade de conversar: “Hoje em dia – disse o Abade – há muita gente querendo ser mestre sem nunca ter sido discípulo”. O abade dizia isto em relação às Novas Expressões Carismáticas, cujo “fundador” é “mestre” sem nunca ter sido “discipulado por alguém”. Estas realidades acabam sendo a principal “tabela” pela qual o tradicionalismo entra na Renovação Carismática: Novas Comunidades, Fraternidades e Institutos – com seus simpatizantes e afins – que beberam de fontes até saudáveis da tradição, mas sem a maturidade bimilenar do Magistério da Igreja, e acabaram por gerar uma hermenêutica de ruptura em alguns aspectos doutrinais e pastorais voltados ao Ecumenismo, à Liturgia e à obediência ao Papa.
Mas os Movimentos Eclesiais e as Novas Comunidades não são a Nova Primavera da Igreja? Não tenho dúvidas de que são! O fato, contudo, é que ainda são experiências “em maturação”. E é por meio desses movimentos, fraternidades e comunidades – em processo de maturação – que as premissas do tradicionalismo invadiram a Renovação Carismática Católica – que também é uma realidade eclesial recente e em maturação. Sem pertencer explicitamente a uma associação tradicionalista, membros das expressões carismáticas começam a fazer delas a sua fonte de estudo.
Essa busca pelo tradicionalismo é altamente compreensível quando nós analisamos a situação da Igreja no Brasil: Liturgia banalizada, pregação relativizada, clero politizado, ascese considerada “moralismo” e assim por diante. Portanto, o desfile de toda a sorte de adereços, rendas e mais rendas por parte do clero “de viés tradicionalista”… É compreensível. É uma pena, contudo, que a sóbria beleza litúrgica dê lugar ao esteticismo já condenado pelo Papa Pio XII.
Hoje nós temos carismáticos “antiecumênicos” – o que é um absurdo sem tamanho pelo fato de a Renovação Carismática ser essencialmente ecumênica, como bem lembrou o Papa Francisco, citando ao segundo Documento de Malines. Tudo aquilo que fez a Renovação Carismática Católica nascer e crescer na Santa Igreja é DEVEDOR do sadio diálogo ecumênico defendido e avalizado pelo Concílio Vaticano II no Documento Conciliar Unitatis Redintegratio.
Publiquei um artigo sobre o Batismo no Espírito Santo e a Unidade dos Cristãos que pode ser enriquecedor para os que possuem resistências em relação ao ecumenismo.
O tradicionalismo na Renovação Carismática Católica também se manifesta na Liturgia. Há carismáticos menosprezando o Rito Romano Ordinário. Há Carismáticos que proíbem o que a Igreja não proíbe, que refutam o que a Igreja não refuta.
No espectro político, estes carismáticos se ligam, com muita facilidade, ao “direitismo liberal”. Com muita facilidade, consideram qualquer preocupação social como sendo “esquerdismo” e “marxismo”, e colocam os direitos individuais por sobre o bem comum.
Por último, como fruto deste “tradicionalismo carismático”, vale a pena tocar a questão do moralismo doentio pregado por esta gente, que tem gerado danos psicológicos e desvios afetivos e sexuais incontáveis. Eu poderia citar exemplos oriundos de Novas Comunidades, Fraternidades e Institutos de viés carismático e por aí vai, mas vou confiar na honestidade dos leitores, uma vez que os fatos são gritantes e falam por si sós.
Nosso Chamado: Conservar a Unidade do Espírito no Vínculo da Paz
Para os progressistas, as expressões carismáticas ora se apresentam como reverberações do “pentecostalismo Yankee”(de ideologia neoliberal), ora como realidades conservadoras e retrógradas que freiam o progresso do “espírito conciliar”. Para os tradicionalistas, as expressões carismáticas são uma infiltração do “modernismo” e, sobretudo, uma infiltração protestante no Catolicismo.
Ralph Martin, primeiro diretor do Escritório Internacional da Renovação, escreveu um importante livro nos primeiros anos do Movimento Carismático Católico: “Unless the Lord Builds the House” (Se o Senhor não construir a Casa…). Nesta obra, Ralph denuncia os diversos conceitos escondidos atrás da palavra “renovação” na boca de teólogos progressistas, com suas sanhas de aggionarmento e afins, e, ao explicar o que seria a “Renovação Carismática”, distancia-a destes desvios para afirmar: Somos “renovação” porque não trazemos nada de novo à Igreja, mas reapresentamos, desde seu tesouro bimilenar, àquilo que sempre esteve a nossa disposição. Somos “renovação” e não “inovação” carismática católica.
Na década de oitenta, o mesmo Ralph – que trabalhou por anos com o Cardeal Suenens em Bruxelas – escreveu o livro “A Crisis of Truth: The Attack on Faith, Morality, and Mission in the Catholic Church” (Uma Crise de Verdade: O Ataque sobre a Fé, a Moral e a Missão na Igreja Católica) onde fez larga denúncia ao progressismo e suas “formas híbridas”. Este livro se tornou uma célebre série de pregações realizadas por Ralph, cujo impacto foi perceptível em duas dimensões:
- Um posicionamento firme das expressões carismáticas no que tange a sua catolicidade e sua fidelidade na conservação do Depositum Fidei;
- uma perseguição clara e aberta do clero progressista contra Ralph e as expressões carismáticas da época, sobretudo âs Comunidades ligadas a Sword of the Spirit e People of Praise.
Neste tempo dramático de perseguição e fidelidade, a figura do Frei Michael Scanlan (Ordem Terceira Regular dos Franciscanos) despontara nos Estados Unidos e no mundo todo! Desde o Campus da Universidade Franciscana de Steubenville nascia uma expressão comunitária marcada por uma Ortodoxia Dinâmica – como costumava dizer o Padre Mike – de grande fidelidade ao Depósito da Fé da Igreja, grande amor pela Liturgia e pelos Sacramentos, e… grande poder espiritual, manifesto nos carismas do Espírito Santo. Aquilo que, para muitos, era uma anomalia – Tradição e Carismaticidade – tornou-se a marca principal de Steubenville, gerando aquilo que o Dr. Scott Hahn, Professor em Steubenville contratado por Padre Mike em 1990, costuma chamar de “Tradismatics” (tradismáticos).
Ralph e Padre Mike iniciaram, com outros irmãos, o FIRE TEAM, que realizavam “cruzadas evangelizadoras” (utilizando a nomenclatura pentecostal) não somente nos Estados Unidos, mas pelo Mundo a fora. O nome “Fire”(fogo), além de fazer clara alusão ao fogo do Espírito Santo, também era um acrônimo, em inglês, das palavras “F-aith, I-ntercession, R-epentence and E-vangelism” (Fé, Intercessão, Arrependimento e Evangelização), que eram pregados por eles.
Em Steubenville era comum, até antes da Carta Apostólica Traditionis Custodes, ver os ritos ordinário e extraordinário sendo celebrados harmonicamente no Campus. Desde sempre – e até hoje! – o canto gregoriano é entoado lado a lado com os louvores e adorações carismáticas dos grupos de oração e dos acampamentos de verão. De igual modo, o ministério de Ralph Martin – que se chama Renewal Ministries – caracteriza-se por esta mesma ortodoxia dinâmica pela qual a Renovação dos inícios, nos Estados Unidos, sempre lutou.
Infelizmente, Satanás, com sua sabedoria angélica, percebeu o sopro do Espírito – que estava harmonizando um crescente amor pela tradição bimilenar de Igreja e um sempre crescente fervor carismático – e conseguiu gerar oposição entre as duas realidades por meio do engano. O amor pela tradição foi reduzido à tradicionalismo e identificado, no Brasil, como bolsonarismo. O fervor carismático, por sua vez, viu crescer contra si as antigas narrativas de progressistas e tradicionalistas (já citadas neste artigo), e aquilo que na Igreja Católica dos Estados Unidos frutificou em benção (a fusão entre tradição e poder espiritual)… Aqui no Brasil está sendo combatido com “unhas e dentes”.
É evidente que existem exageros naqueles que estão redescobrindo a tradição da Igreja de modo apaixonado! É evidente que existem exageros nos carismáticos! Aliás, não houve um único “movimento espiritual de renovação” na Igreja que não fosse marcado por um início apaixonado e exagerado! Por isso, espera-se dos eclesiásticos – sobretudo de nossos Pastores – que saibam discernir os Espíritos e recordar o adágio latino: Abusus non tollit usum (O Abuso não tolhe o Uso). Se houver sabedoria em acolher, pastorear, discernir e aconselhar devidamente estas vertentes… Veremos realidades como a Universidade Franciscana de Steubenville e o Renewal Ministries despontando também em solo brasileiro. Aliás, já temos alguns belos exemplos: Visitem a Paróquia São Domingo Pregador, na cidade de Osasco/SP, sob a cura do Padre José Eduardo de Oliveira e Silva, ou a Paróquia Nossa Senhora de Fátima, na cidade de Jandira/SP, sob a cura do Padre Douglas Pinheiro Lima e… Verão ortodoxia dinâmica diante de seus olhos!
Que as expressões nascidas da Renovação Carismática Católica conservem a fé! Sejamos aquilo que Deus quer de nós (é inconcebível um carismático antiecumênico, neoliberal e sedevacantista ou marxista, relativista e sincretista). Guardemos a unidade do Espírito no vínculo da paz! Não contristemos ao Espírito Santo! Não extingamos ao Espírito Santo!